FONOAUDIOLOGIA NOS PROCESSOS DE ENVELHECIMENTO
Apresentação: Leticia Lessa Mansur


O tema linguagem e cidadania nos remete de imediato à funcionalidade da linguagem e da cognição no envelhecimento, às demandas do ambiente e possibilidades de resposta do idoso (restritas, satisfatórias ou acima da expectativa do meio ambiente). Sabe-se que o envelhecimento modifica a cognição, porém esse processo é extremamente heterogêneo no que diz respeito ao predomínio e ritmo de perdas nos diferentes domínios cognitivos (atenção, linguagem, memória, habilidades visual-espaciais, funções executivas). Essas diferenças podem ser notadas inter e intra-indivíduos idosos. Por outro lado, também podem ser notadas diversidades nos diferentes sub-grupos de idosos, com o grupo mais idoso (acima de 75 anos) apresentando largo padrão de variação. Embora o envelhecimento cognitivo se caracterize pela diversidade de mudanças em diferentes domínios, nota-se predomínio de queixas de perdas no domínio “memória” e os testes cognitivos além de mudanças nesse domínio, revelam freqüentes alterações em funções executivas. A memória não sofre perdas generalizadas: a de curta duração tende a sofrer maiores alterações, ao lado da memória episódica (sistema declarativo de longa duração); o sistema implícito e o sub-componente semântico (sistema declarativo) tendem a se manter ao longo do envelhecimento. A linguagem está entre as funções mais preservadas; porém se examinarmos seus sub-componentes, notamos que o léxico é mais frágil, enquanto os aspectos fonológicos e sintáticos tendem a se manter relativamente intactos. A heterogeneidade e ausência de padrões, mostra a dificuldade de estabelecermos padrões de normalidade e funcionalidade para a linguagem do idoso. Além disso, novas entidades diagnósticas controversas em sua caracterização e definição como comprometimento cognitivo leve e comprometimento cognitivo sem demência, emergiram recentemente e remetem a um estado clínico entre a cognição normal e patológica em idosos. Método: a oficina “idoso e linguagem” trará vivências sobre métodos de avaliação de funcionalidade e linguagem do idoso (Clinical Dementia Rating – CDR; Consortium CERAD; e análises de interações e diálogos), parâmetros de interpretação de respostas e caracterização de normalidade e patologia. Além disso, oferecerá vivências sobre métodos de estimulação de linguagem em idosos sadios e terapias indicadas para estimulação de idosos com alterações cognitivas. Técnicas e procedimentos com amostras de vivências em diferentes propostas de intervenção não-farmacológica serão apresentados: Terapia de Orientação para a Realidade – TOR; Terapia de reminiscências – TR e Terapia Cognitivo-Funcional – TCF e propostas de “engajamento cognitivo”. Serão apresentados programas de atenção ao cuidador (informação, suporte e educação). Estudos com evidências sobre o efeito dessas intervenções serão fornecidos, bem como diretrizes e recomendações para avaliação e gerenciamento de idosos sadios e com alteração cognitiva. Essas publicações representam o consenso de que pessimismo no diagnóstico, tratamento e gerenciamento dos casos é indesejável, impede o cuidado com qualidade e representa custo adicional para a família e a sociedade.


Dados de publicação
Página(s) : p.286
URL (endereço digital) : http://www.sbfa.org.br/portal/suplementorsbfa