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AQUISIçãO LEXICAL NO DESENVOLVIMENTO NORMAL E ALTERADO DE LINGUAGEM – UM ESTUDO EXPERIMENTAL
Apresentador : Juliana Perina Gândara (Universidade de São Paulo)
Autor(es) / Coautor(es) : Juliana Perina Gândara, Debora Maria Befi-Lopes


Introdução: A aquisição lexical é uma das primeiras manifestações observáveis no desenvolvimento normal da linguagem. Alterações nesse processo constituem um marco inicial das Alterações no Desenvolvimento da Linguagem (AEDL): crianças com AEDL são mais lentas na aquisição de palavras e cometem mais erros lexicais do que seus pares em desenvolvimento normal. Objetivo: Investigar a aquisição lexical de crianças normais e com AEDL em três situações que reproduziam contextos freqüentemente usados na intervenção fonoaudiológica. Métodos: 21 crianças com AEDL (GP) e 30 em desenvolvimento normal (GC), todas com três anos, foram selecionadas de acordo com critérios específicos (GC: idade, ausência de queixas e desempenho adequado em triagem fonoaudiológica e em prova de vocabulário expressivo; GP: idade e diagnóstico de AEDL), e randomicamente designadas a um dos subgrupos: G1 – brincadeira simbólica, G2 – jogo, G3 – livro de história. Cinco não-palavras foram apresentadas em quantidade controlada aos sujeitos de cada subgrupo, em três sessões de interação, na presença dos respectivos referentes, também desconhecidos. O desempenho dos sujeitos foi analisado considerando a situação de interação (Etapa I) e tarefas de nomeação, compreensão e reconhecimento das novas palavras em pós-teste realizado a cada sessão (Etapa II). Para discussão dos dados, a pesquisa foi dividida em três estudos. Resultados: O Estudo 1 analisou o desempenho do GC no procedimento experimental. O GC3 teve um desempenho pior do que os outros subgrupos nas medidas referentes à Etapa I, refletindo a influência da presença física dos referentes, da demanda atencional e do nível de maturidade simbólica necessários para a aquisição. O GC, de maneira geral, apresentou melhores habilidades de compreensão que de nomeação, e evoluiu ao longo das sessões em relação às variáveis que indicaram aquisição (produção espontânea na Etapa I; compreensão e nomeação na Etapa II). O Estudo 2 analisou o desempenho do GP no procedimento experimental, em comparação com o GC. Os processos envolvidos e a influência das variáveis analisadas foram os mesmos para os dois grupos. As diferenças entre eles foram quantitativas e qualitativas, sugerindo que as crianças com AEDL necessitam de maior quantidade de experiências e demoram mais tempo do que crianças normais para adquirirem uma nova palavra. Em ambos os grupos, a imitação não-solicitada foi utilizada por alguns sujeitos como estratégia para aquisição das palavras, mostrando correlação positiva com a ocorrência de produções espontâneas. O Estudo 3 correlacionou as habilidades dos dois grupos em adquirir palavras e o domínio lexical medido em prova de vocabulário expressivo. A correlação positiva entre essas habilidades, nos dois grupos, e ainda com a quantidade de intervenção fonoaudiológica anterior recebida pelo GP sugeriram que a prática em adquirir palavras influenciou positivamente o desempenho na tarefa de adquirir palavras. Conclusão: Os resultados corroboram estudos que indicam que crianças com AEDL apresentam dificuldades no processo de aquisição lexical. A variabilidade de desempenho observada em ambos os grupos sugere que esse processo é individual e heterogêneo, e que as habilidades de cada criança com AEDL devem ser consideradas individualmente no processo terapêutico para que este seja o mais efetivo possível.


Dados de publicação
Página(s) : p.1119
URL (endereço digital) : http://www.sbfa.org.br/portal/suplementorsbfa