Introdução: A Panencefalite Esclerosante Subaguda (PES) é definida como uma doença degenerativa inflamatória do sistema nervoso central, rara, decorrente do vírus do sarampo, podendo manifestar-se meses ou anos após a presença do vírus no organismo. Após seu surgimento, o óbito ocorre devido a infecções recorrentes, sendo entre elas a pneumonia a mais freqüente. As alterações fonoaudiológicas são, em geral, descritas no conjunto de alterações que caracterizam a doença – distúrbios comportamentais, cognitivos e psicológicos, apraxia, convulsões, espasmos mioclônicos e distúrbios visuais, deterioração mental difusa e disfagia. No final da evolução, há piora da disfagia e das dificuldades visuais, com espasmos em maior ocorrência e duração, hipertonia muscular, ausência de fala espontânea, disautonomia por disfunção hipotalâmica e coma. O diagnóstico baseia-se nos sintomas e é confirmado por exames laboratoriais – que mostram elevadas concentrações de anticorpos contra o vírus do sarampo - e de imagem – que revelam anomalias cerebrais. Na fase precoce da doença, as lesões se iniciam em córtex cerebral (principalmente na área occipital), atingindo tronco cerebral, estruturas subcorticais, cerebelo e medula; já na fase mais avançada ocorre desmielinização progressiva. O tratamento consiste em drogas anticonvulsivantes. Objetivo: caracterizar as alterações de fala, linguagem e deglutição de um portador de PES. Método: O paciente WRC, 23 anos, sexo masculino, foi avaliado do ponto de vista fonoaudiológico. Os primeiros sintomas da PES iniciaram-se aos 10 anos, com alteração da visão, mau desempenho escolar, esquecimentos e alterações de comportamento. Surgiram, na seqüência, episódios de convulsões, movimentos involuntários e paresia em hemicorpo à esquerda, perda da memória, deterioração progressiva das funções intelectuais e regressão da fala. O paciente teve diagnóstico de sarampo com 1 ano e 3 meses. A avaliação incluiu o sistema estomatognático, deglutição e aspectos lingüístico-cognitivos. Resultados: Observou-se hemiparesia à esquerda e movimentos involuntários de órgãos fonoarticulatórios, dificuldade com consistências sólida (dificuldade de mastigação aumento do tempo de trânsito oral, resíduo alimentar em cavidade oral após deglutição) e líquida (atraso no disparo do reflexo da deglutição). Concluiu-se que o paciente apresentou deglutição funcional necessitando de pistas, manobras e adaptações de consistência. Quanto aos aspectos lingüístico-cognitivos, evidenciou-se alteração grave da compreensão e expressão orais, preservada apenas para palavras isoladas e familiares e presença de ecolalias imediatas, dificuldade em focalizar atenção e contato ocular. Conclusão: Constata-se a necessidade de descrição precisa de manifestações fonoaudiológicas na PES, para orientação de intervenção clínica na evolução da doença.
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