Introdução: O Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é caracterizado por dificuldades de modulação da atenção e/ou hiperatividade/impulsividade. É um transtorno muito comum na infância (5,8% das crianças, aproximadamente, em nosso meio), utilizando critérios dos sistemas Diagnostic and Statistical Manual- DSM- IV, da Associação Americana de Psquiatria (Rohde et al, 2005), comprometendo o desempenho escolar, dificultando as relações interpessoais e provocando baixa auto-estima. Alterações do processamento auditivo e o transtorno do deficit de atenção/ hiperatividade (TDAH), tornaram-se cada vez mais comuns nos diagnósticos de crianças em idade escolar. Uma grande incidência de TDAH em comorbidade com alterações na comunicação e com o processamento auditivo central tem sido demonstrada. (Schochat et al , 2002). O diagnóstico de TDAH é realizado com informações colhidas junto aos pais e professores e também por meio de observação clínica da criança. De acordo com o DSM-IV, o diagnóstico exige pelo menos seis sintomas no âmbito da desatenção e/ou da hiperatividade/impulsividade. Quando o diagnóstico é realizado precocemente, menores serão as conseqüências psicológicas na criança ao longo dos anos. Estudos anteriores (Chermak, et al, 2002) descreveram o TPA como um déficit em um ou mais processos auditivos centrais, sendo caracterizado por uma ou mais alterações nas habilidades de localização e lateralização sonora, discriminação e reconhecimento auditivo; aspectos temporais; resolução, mascaramento, integração e ordenação temporal. Objetivo:Verificar o desempenho de crianças com queixa de falta de atenção e hiperatividade, em provas de processamento auditivo envolvendo escuta monótica e escuta dicótica. Método: A coleta de dados foi realizada no Laboratório de Investigação Fonoaudiológica em Audição Humana da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,no período de março de 2006 a maio de 2008, período no qual foram realizados 169 exames de processamento auditivo central. Destes foram selecionadas apenas as crianças que apresentaram queixa de hiperatividade e/ou desatenção, dentro de uma faixa etária de 8 a 12 anos. Para realização da pesquisa foram analisados os testes PSI, fala com ruído, SSW e o teste dicótico não verbal de escuta direcionada. Resultados:Os resultados encontrados mostraram que das 17 crianças participantes, 15(88%) apresentaram resultados abaixo do esperado para suas respectivas idades em pelo menos um dos testes apresentados. Sendo que 8 (52%) apresentaram resultados alterados no teste de fala com ruído, 3(17%) no PSI , 10 (58%) apresentaram resultados inferiores ao esperado no SSW e 8 (52%) para o teste dicótico não verbal. Conclusão: Crianças com queixa de desatenção e hiperatividade evidenciaram alterações de processamento auditivo nas diferentes faixas etárias, não ocorrendo, como seria esperado, uma melhora no desempenho devido à maturação auditiva. Os resultados alertam para uma correlação significante entre as alterações do processamento auditivo e as queixas de desatenção e hiperatividade.
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