Busca


Fase Oral da Deglutição em Pacientes com Doenças Mitocondriais
Autor(es): Luiza Teles Barbosa Mendes, Zelita Caldeira Ferreira Guedes


Introdução: As mitocôndrias são estruturas presentes em quase todos os tipos de células humanas e sua quantidade depende da demanda energética da célula em questão. As Doenças Mitocondriais (DM) se caracterizam pela deficiência na produção energética e se manifestam de forma progressiva e multissistêmica. Sua transmissão pode ocorrer através da genética mendeliana tradicional ou pela genética mitocondrial com diagnóstico feito por teste genético molecular de DNA. Os sistemas orgânicos mais afetados por déficits energéticos são aqueles que invocam a função das células musculares, que podem levar à disfagia, por exemplo, resultando em perda de peso, modificação da consistência dos alimentos na dieta e mudança da via de alimentação. Objetivo: Avaliar a condição miofuncional orofacial e da fase oral da deglutição em pacientes com DM e correlacioná-las com indivíduos normais. Métodos: Três pacientes com DM atendidos em Instituição Pública e grupo controle com 3 indivíduos normais pareados por sexo e idade, sem queixa ou diagnóstico de DM ou qualquer outra doença, foram submetidos à avaliação pelo Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE), proposto por Felício e Ferreira (2008), após concordância com o termo de consentimento. A avaliação constou de exame clínico fonoaudiológico, verificando-se: aparência e condição postural/posição e mobilidade dos lábios, mandíbula, bochechas, face, língua e palato duro; classificação quanto à respiração (nasal/oronasal); movimentos de mastigação (quanto à lateralização e eficiência da trituração), sinais de alteração e, por fim, durante a deglutição, foi observado o comportamento dos lábios e língua e a eficiência da deglutição. Após o levantamento dos dados de todos os indivíduos (pesquisa e controle) aqueles foram analisados a partir do teste de Mann-Whitney. Resultados: O grupo controle teve média maior que o grupo pesquisa. Em Aparência, houve significância em mandíbula, bochechas e palato duro. Já em Mobilidade observamos diferença estatisticamente significante entre os grupos para língua, mandíbula e bochechas. Nas funções de Deglutição e Mastigação, também houve diferença significante entre os grupos. Como exemplo, temos a Mastigação com média de 100% no controle contra 66,7% no pesquisa. Discussão: As Doenças Mitocondriais são disfunções neurometabólicas, progressivas e multissistêmicas, caracterizadas por déficit na produção energética e associadas a altos índices de mortalidade. A disfagia nestes indivíduos está relacionada ao gasto energético. Porém, o presente estudo indicou estruturas que interferem na execução das funções de mastigação e deglutição como alterações significantes nos aspectos da língua, mandíbula e bochechas, quando relacionadas à mobilidade, o que interferiu nas funções supracitadas. Com relação à aparência, as principais estruturas alteradas nestes pacientes são: mandíbula, bochechas e palato duro. Ambos os achados estão de acordo com o esperado, ao tomar como referência a literatura disponível sobre motricidade orofacial. Conclusão: Observamos que alterações estruturais estão presentes em pacientes com doenças mitocondriais. Estas interferem diretamente nas funções de mastigação e deglutição, principalmente quando relacionadas à sua mobilidade. Visto os resultados apresentados, se faz importante o acompanhamento fonoaudiológico, já que a alimentação é uma necessidade fisiológica vital.


Dados de publicação
Página(s) : p.170
URL (endereço digital) : http://www.sbfa.org.br/portal/suplementorsbfa