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ÍNDICES DE GRAVIDADE FONOLÓGICO EM CRIANÇAS COM ALTERAÇÃO DE LINGUAGEM
Autor(es): Carine Cruz Ferreira, Márcia Mathias Castro


Introdução: Dentre as alterações de linguagem infantil destaca-se entre as mais prevalentes o Transtorno Fonológico (TF), uma dificuldade de linguagem caracterizada pelo uso inadequado dos sons, que pode envolver erros na produção, percepção ou organização dos sons. Sua causa é indefinida, a gravidade e ininteligibilidade de fala são variadas e essa dificuldade na produção dos sons da fala pode interferir no desempenho escolar e profissional do indivíduo. A aplicação de medidas da gravidade fornece subsídios de comparação entre os sujeitos e de classificação diagnóstica. Dentre as medidas de gravidades existentes, destaca-se o índice de Porcentagem de Consoantes Corretas (PCC) que avalia a quantidade de consoantes corretas da amostra de fala.
Objetivo: Avaliar a gravidade de crianças com transtorno fonológico, segundo gênero e idade.
Método: Participaram deste estudo 12 crianças entre 4,0 a 7,11 que procuraram uma clínica escola de Fonoaudiologia. O diagnóstico de avaliação foi realizado através do teste de linguagem infantil ABFW e para a prova de Fonologia foi aplicado o índice de gravidade PCC na prova de nomeação e imitação.
Resultados: Houve predomínio do gênero masculino (10) em relação ao feminino, com apenas uma menina com 4,5 anos e outra com 7,5 anos. Na prova de nomeação o PCC médio foi 80,09%(desvio padrão=8,66%) e na prova de imitação 79,28%(dp=8,52%).
Na nomeação, as crianças do gênero masculino apresentaram PCC médio de 80,22%(dp=9,56%), e no gênero feminino 79,44%(dp=0,79%). Na imitação, as crianças do gênero masculino apresentaram PCC médio de 80,84%(dp=7,42%) e o gênero feminino 71,49%(dp=12,55%).
As crianças menores, entre 4 e 5 anos, média de 4,6 apresentam PCC médio na nomeação de 81,55%(dp=2,89%) e 79,25%(dp=9,92%) na imitação. As crianças maiores, entre 6 e 7 anos, média de idade de 6,7 apresentaram PCC médio na nomeação de 79,04%(dp=11,35%) e 79,30%(dp=8,22%) na imitação.
Discussão: Os dados apontaram um predomínio do gênero masculino, porém com tendência de maior gravidade do gênero feminino. O pior desempenho das meninas ao seguir o modelo do avaliador na prova de imitação, contrariamente ao esperado, sugere que a dificuldade possa estar relacionada ao controle motor da fala. A confirmação dessa dificuldade implica no uso de provas complementares ao diagnóstico como a análise acústica e a estimulabilidade. O fato das crianças maiores apresentarem pior desempenho na nomeação indica que o processo maturacional não é suficiente para a adequação do sistema fonológico da criança com TF, sendo necessária a intervenção formal. Em virtude da alta prevalência do TF na população infantil e por tratar-se de um grupo de risco para dificuldades de leitura e escrita, esse dado aponta a necessidade de políticas publicas que aumentem a oferta do atendimento fonoaudiológico à população afetada, permitindo que a comunicação seja um direito de todos.
Conclusão: O transtorno fonológico afeta predominantemente o gênero masculino, porém o gênero feminino ao ser afetado tende a mostrar maior gravidade. As dificuldades das crianças com TF mantêm-se ao longo dos anos, confirmando a necessidade da intervenção fonoaudiológica para adequação do sistema fonológico e prevenir dificuldades na aquisição da leitura e da escrita.


Dados de publicação
Página(s) : p.269
URL (endereço digital) : http://www.sbfa.org.br/portal/suplementorsbfa