Busca


A GRAVIDADE DO TRANSTORNO FONOLÓGICO: Qual o melhor nível de atuação?
Autor(es): Carine Cruz Ferreira, Marcia Mathias de Castro


Dentre as alterações de linguagem infantil destaca-se, entre as mais prevalentes, o Transtorno Fonológico (TF), uma dificuldade de linguagem caracterizada pelo uso inadequado dos sons, que pode envolver erros na produção, percepção ou organização dos mesmos, sem causa definida, e seu diagnóstico é realizado durante a infância. Dentre as medidas de gravidades existentes, destaca-se o índice de Porcentagem de Consoantes Corretas (PCC) que avalia a quantidade de consoantes corretas da amostra de fala.A gravidade deste índice é classificada como leve para valores entre 100% a 85% de acerto;levemente - moderado entre 85% a 65% de acerto;moderadamente – grave entre 65% a 50% de acerto e grave nos casos abaixo de 50% de acerto. Objetivo:avaliar a gravidade de crianças com TF atendidas no nível de atenção de média complexidade, segundo gênero e idade.Participaram deste estudo 12 crianças entre 4,0 a 7,11 que procuraram a Clínica Escola de Fonoaudiologia da UnG. O diagnóstico de avaliação foi realizado através do teste de linguagem infantil ABFW e, para a prova de Fonologia, foi aplicado o índice de gravidade PCC na prova de nomeação e imitação. A busca do atendimento deu-se por iniciativa da própria família(50%), por encaminhamento da escola(30%) ou por profissionais da saúde(20%). Houve predomínio do gênero masculino(10) em relação ao feminino, com apenas uma menina com 4,5 anos e outra com 7,5 anos. Na prova de nomeação o PCC médio dos sujeitos analisados foi 80,09% e na prova de imitação 79,28%,portanto levemente – moderado. Na nomeação, as crianças do gênero masculino apresentaram PCC médio de 80,22% e no gênero feminino 79,44%;também levemente - moderado. Na imitação, as crianças do gênero masculino apresentaram PCC médio de 80,84% e o gênero feminino 71,49%;levemente - moderado. As crianças menores, entre 4 e 5 anos, média de 4,6 apresentam PCC médio na nomeação de 81,55% e 79,25% na imitação;levemente-moderado. As crianças maiores, entre 6 e 7 anos, média de idade de 6,7 apresentaram PCC médio na nomeação de 79,04% e 79,30% na imitação;levemente-moderado. A gravidade dos sujeitos foi levemente-moderado, perfil este que seria pertinentemente atendido na Atenção Básica, entretanto, encontram-se num serviço de atenção de média complexidade (reabilitação) após a fila de espera de um ano, em média. Os dados apontaram um predomínio do gênero masculino, porém com tendência de maior gravidade do gênero feminino. Em virtude da alta prevalência do TF na população infantil e por tratar-se de um grupo de risco para dificuldades de leitura e escrita, esse dado aponta a necessidade de políticas públicas que aumentem a oferta do atendimento fonoaudiológico à população afetada, permitindo que a comunicação seja um direito de todos. A formação de grupos de orientação e estimulação para o TF poderia minimizar o tempo de intervenção e, apenas parte dos casos que não mostrarem evolução, poderiam ser encaminhados para o atendimento no nível secundário. As dificuldades das crianças com TF mantêm-se ao longo dos anos, confirmando que, a intervenção fonoaudiológica precoce é eficiente para prevenir o agravamento do quadro de dificuldades na aquisição da leitura e da escrita.


Dados de publicação
Página(s) : p.1802
URL (endereço digital) : http://www.sbfa.org.br/portal/suplementorsbfa