SESSÃO DE PÔSTERES


ACESSO E PERMANÊNCIA NA UNIVERSIDADE: O ALUNO COM PARALISIA CEREBRAL
Autor(es): BEATRIZ DOS S. MEDEIROS, ANA PAULA DE OLIVEIRA SANTANA


Introdução: A inclusão no ensino superior consolida-se por meio de ações que promovam o acesso e a permanência dos alunos público alvo da educação especial. Alunos com Paralisia Cerebral podem apresentar dificuldades motoras e linguísticas que afetam a sua permanência. Diante disso, questiona-se: Qual a visão do aluno com paralisia cerebral sobre sua inclusão na universidade? De que forma suas dificuldades relacionam-se com suas práticas de letramento? Objetivo: Analisar a acessibilidade e permanência na universidade através do olhar do aluno público-alvo da educação especial e relacionar com suas práticas de letramento. Métodos: Estudo de caso de uma estudante universitária, Carolina, do curso de pedagogia, com diagnóstico de Paralisia Cerebral de uma universidade federal. Utilizou-se uma entrevista semiestruturada e um questionário sobre as práticas de letramento. A análise partiu da Sociologia da Educação e História da Leitura (Chartieu, 2012; Boudieu, 2012). Resultados: Carolina ingressou na universidade por meio de cotas para escola pública. Sua mãe estudou até o 4o. ano, não mora com o pai. Os hábitos de leitura da família resumem-se à leitura da bíblia. Não havia incentivo para leitura em casa, embora o curso de pedagogia tenha sido escolhido porque ela sempre gostou de ler e brincar de escolinha: Eu sempre falei: “ah, um dia eu quero ser professora.â€. Sobre sua inclusão na universidade, Carolina diz que a questão arquitetônica é a mais prejudicada: “A minha sala tiveram de mudar de lugar, porque aonde é pedagogia tem escadaâ€. “É, daí é ruim. E tem muito buraco, às vezes eu caio.†Carolina teve ajuda do Núcleo de Acessibilidade que deu apoio a ela e a seus professores, assim como indicou o uso de equipamentos: O apoio foi a minha professora que conseguiu. Eles me ajudam muito. No meu computador ela arrumou o teclado, uma colméiaâ€. Foi a professora do curso que também encaminhou-a para a clínica de fonoaudiologia pelas suas dificuldades com a leitura e a escrita, seu texto apresentava apoio na oralidade e dificuldade com gêneros secundários. Sobre as práticas de letramento atuais, Carolina lê a Bíblia, textos acadêmicos, jornal online, romances, e-mails e conteúdos da rede social. Ela faz uso dessas práticas principalmente após o ingresso na universidade. As práticas de escrita são textos descritivos e narrativos, postagem em rede social, e-mail e mensagem no celular. Os textos mais difíceis para ela são: revistas científicas e escrita de textos científicos, crônicas e poema/poesia. Conclusão: Embora haja carência de estrutura arquitetônica adequada, o apoio do Núcleo de Acessibilidade, a postura dos professores do curso e a terapia fonoaudiológica favoreceram sua permanência na universidade, evidenciando que ações integradas entre a saúde e a educação são importantes para a inclusão do aluno. Além disso, a ampliação de suas práticas de letramento também modificou seu estatuto de leitora destacando, a universidade como transmissora de novas práticas de leitura e de escrita que são incorporadas na trajetória social dos alunos.


Dados de publicação
Página(s) : p.7619