SESSO DE PSTERES


PRÁTICAS DE LETRAMENTO DOS SURDOS UNIVERSITÁRIOS: IMPLICAÇOES PARA O DOMÍNIO DO PORTUGUÊS ESCRITO
Autor(es): ALINE OLIN, ANA PAULA DE OLIVEIRA SANTANA


Introdução. O acesso à Educação Superior pelos surdos é crescente, tendo em vista as modificações das políticas educacionais. Nesse contexto, observa-se que embora haja o acesso desses alunos, ainda se sabe pouco sobre suas condições de permanência. Uma das dificuldades que os surdos apresentam e que impedem seu sucesso é o domínio do português escrito, que para alguns surdos, apresenta-se como segunda língua. Esse fato é decorrente das lacunas ainda presentes no ensino da Educação Básica para estudantes surdos. Ou seja, eles foram mal alfabetizados e isso teve implicações diretas para a sua inserção na cultura escrita e, como consequência atual, dificuldades com relação ao letramento acadêmico. Questiona-se, assim, que práticas de letramento o surdo universitário realiza e de que forma favorecem seu rendimento acadêmico. Objetivo: Analisar as práticas de letramento dos sujeitos surdos na Educação Superior e suas implicações para a permanência na universidade. Metodologia: Realizou-se um estudo de caso com dois estudantes surdos universitários, ambos cursavam Letras/Libras e consideraram-se bilíngues. Um dos surdos também é oralizado, sua a perda auditiva é severa/profunda. O outro surdo possui perda auditiva profunda bilateral. Os nomes fictícios dos sujeitos são Luzia e João. Os dados foram obtidos através de entrevista semi-estruturada e aplicação de questionários sobre os hábitos de leitura e escrita, foram analisados a partir da Sociologia da Educação (Lahire, 2008). Resultado: Luzia foi alfabetizada com métodos da oralização e comunicação total, apesar das dificuldades, a leitura e a escrita sempre estiveram presentes em seu contexto familiar. Os pais tinham hábitos de leitura, liam para ela e a incentivavam a ler e escrever. Suas práticas atuais de leitura são de textos acadêmicos e profissionais, bem como de textos literários, revistas e jornais. Escreve textos acadêmicos, email’s e em redes sociais. As dificuldades atuais são raras, quando as encontra, recorre a dicionários ou intérpretes de língua de sinais. João também foi alfabetizado com métodos da oralização e comunicação total, as dificuldades de leitura e escrita sempre estiveram presentes. No contexto familiar a leitura e a escrita foi incentivada, mas os hábitos eram poucos, os pais não participavam de momentos de leitura em conjunto. Suas práticas atuais de leitura envolvem textos acadêmicos e profissionais, bem como de assuntos variados da internet; escreve textos acadêmicos, email’s e em redes sociais. As dificuldades atuais são raras, quando as encontra, também recorre a dicionários ou intérpretes de língua de sinais (ILS). Conclusão: Diferente do que se esperava, os dois estudantes dominam o português escrito, facilitando suas práticas de letramento acadêmico. Essas práticas estão entrelaçadas a fatores que foram determinantes para seu sucesso acadêmico, como a aprendizagem da língua de sinais e capital cultural incorporado. Ou seja, não são apenas as práticas de leitura que estão relacionadas ao sucesso acadêmico mas também os modos de transmissão do capital cultural familiar, um conjunto construído em relação à escola e à escrita, angústias, humilhações, gostos e desgostos. Ou seja, vemos aqui a evidência da “transferência de capital Cultural” e sua relação com o sucesso acadêmico.


Dados de publicação
Página(s) : p.8047