CONSULTA DE TRABALHOS

TRABALHOS CIENTÍFICOS
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INSTRUMENTOS REAIS OU SINTETIZADORES? ESTÍMULOS SONOROS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO MUSICAL DE USUÁRIOS DE DISPOSITIVOS AUDITIVOS AUXILIARES
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O constante aprimoramento da tecnologia do AASI e do IC resultou na melhora da compreensão da fala pelos seus usuários e despertou o interesse de pesquisadores acerca da escuta musical deste público (1,2). Ademais, a perspectiva de que a música desempenha um papel relevante na qualidade de vida das pessoas contribuiu para o avanço de testes para avaliação da percepção musical de pessoas com deficiência auditiva nas últimas duas décadas (3-6). Entretanto, características específicas dos elementos musicais e diferenças nas faixas dinâmicas da fala e da música exigem atenção diferenciada para estas duas ocorrências.
Objetivo: Revisar na literatura estudos que abordam como são originados os estímulos sonoros utilizados nos testes de percepção musical realizados com usuários de dispositivos auditivos auxiliares.
Método: Foram selecionados 16 estudos observacionais, publicados entre 2002 e 2019, indexados em bases de pesquisa, que relataram protocolos de testes de percepção musical em usuários de AASI e de IC e cumpriram os critérios de inclusão. Foram destacados dos estudos os dados demográficos dos participantes e a estratégia de geração dos estímulos sonoros: sons produzidos por instrumentos reais, e posteriormente digitalizados, ou sons produzidos por sintetizadores.
Resultados: Participaram dos testes analisados 385 usuários de dispositivos auditivos auxiliares, com uma variação de nove a 49 participantes. A média etária dos participantes dos testes foi de 5,5 a 64,7 anos, com discreta predominância do gênero feminino (56%). Quanto ao tipo de dispositivo utilizado, 81% dos testes foi conduzido com usuários de IC e os demais com usuários de AASI ou estimulação bimodal (7,8). A geração de estímulos sonoros sintetizados para a composição das amostras, que variaram entre sequências sonoras específicas, acordes, trechos de melodia e melodias com variações de instrumentos ou de tonalidades, prevaleceu em 75% dos testes de percepção musical analisados. Convém apontar que os sintetizadores alteram a estrutura dos tons durante sua geração (9,10) e provocam um impacto negativo no produto utilizados nos testes, circunstância que pode prejudicar os resultados, principalmente àqueles relacionados aos elementos pitch, melodia, harmonia e timbre. Com efeito, há um agravamento deste fato em função dos algoritmos e filtros que regem as prescrições de AASI e de IC por reduzem a faixa dinâmica da audição e dificultarem a percepção dos elementos musicais.
Conclusão: Apesar do mérito dos pesquisadores em reconhecer a importância da apreciação musical na rotina deste público e voltar a atenção para a avaliação da percepção musical dos usuários de dispositivos auditivos auxiliares, os autores desta revisão integrativa ponderam que a qualidade das amostras utilizadas em vários protocolos não é a ideal. Desse modo, são mais convenientes as gravações realizadas com instrumentos musicais reais, para posterior digitalização, que podem garantir a qualidade do material de teste e, consequentemente, uma melhor avaliação da percepção musical.
Palavras chave: música; avaliação; perda auditiva; amplificação sonora individual, implante coclear.

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3. Kang R, Nimmons GL, Drennan W, et al. Development and validation of the University of Washington Clinical Assessment of Music Perception test. Ear Hear. 2009;30(4):411-418.
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