PESQUISA EM TRANSTORNOS DE LINGUAGEM ESCRITA
Ana Luiza Marcondes Garcia
Coordenador(a)
 
Tendo em vista que o objetivo desta apresentação é o de incitar o debate sobre os trabalhos apresentados na mesa Pesquisa em transtornos de linguagem escrita, pede-se que as seguintes questões sejam consideradas. Em termos muito genéricos, é possível dizer que as pesquisas relatadas inserem-se em um dos dois tipos de abordagem que parecem predominar na clínica fonoaudiológica de escrita - e que podem ser detectados em um breve levantamento da literatura disponível. De um lado, trabalhos que, assentados em uma concepção de linguagem como o lugar de constituição de relações sociais pelo qual aqueles que falam ou escrevem se tornam sujeitos, tendem a denunciar a indefinição que acompanha a noção de transtorno de leitura e escrita, a entender o “erro” como indício de processos intermediários de elaboração da linguagem, a compreender a singularidade do trajeto de cada sujeito na construção da competência leitora e escritora. Na outra ponta, trabalhos, principalmente na área da dislexia, que revelam, por meio de suas metodologias de trabalho (como, por exemplo, avaliar a capacidade de leitura de listas de palavras reais e não reais) uma visão de língua estruturada nos níveis fonológico, léxico e semântico. Sem dúvida, ainda que, para trabalhar, o profissional opte por uma ou por outra abordagem, não pode ignorar os aportes que cada uma delas favorece. As questões que se colocam, portanto, são as seguintes: que vantagens e desvantagens a adoção de uma e de outra acabam por trazer para a prática fonoaudiológica? São ambas concepções irreconciliáveis ou podem dialogar? E finalmente, o que poderia explicar o fato de que, ainda que não se configure como regra, há uma certa predominância pela adoção da primeira abordagem quando o que está em questão é a escrita e pela segunda quando se trabalha a leitura?
 
Contato: izagar@terra.com.br
 

Imprimir Palestra