Código: TEV0113
ABORDAGEM EXPLORATÓRIA EM DISFONIA SEM DIAGNÓSTICO: APRESENTAÇÃO DE CASO
 
Autores: Mara Behlau, Gisele Gasparini, Paulo Pontes
Instituição: CENTRO DE ESTUDOS DA VOZ - CEV
 
Indivíduo do sexo masculino, 58 anos, procurou o otorrinolaringologista com a queixa de: “Às vezes minha voz fica fraca e canso para falar”. A avaliação otorrinolaringológica mostrou pregas vocais arqueadas, saliência de processos vocais, fenda fusiforme discreta, assimetria de vibração de mucosa e intensa constrição supraglótica, semelhante aos quadros de presbilaringe, não compatível com a idade. Foram realizadas avaliações clínicas e descartados problemas neurológicos, endocrinológicos e emocionais. Não foi possível definir o diagnóstico do caso; o paciente foi encaminhado para fonoterapia, como prova diagnóstica e terapêutica. A avaliação fonoaudiológica excluiu a etiologia comportamental e evidenciou voz rugosa discreta, com tensão e instabilidade moderadas, de pitch agudo e sinais de fadiga vocal ao uso continuado. A análise acústica mostrou freqüência fundamental na faixa limite superior (entre 157 e 165 Hz), com desvios acentuados nos índices de curto-prazo e medidas de ruído, configurando um diagrama de desvio fonatório difuso (VOX METRIA, CTS). Foi realizada uma abordagem exploratória, com 3 horas de terapia e treinamento intensivo em casa. Foram consideradas três diferentes possibilidades de intervenção: técnicas de expansão de trato vocal, trabalho de controle de forças mioelásticas-aerodinâmicas e reposicionamento da musculatura laríngea. Optou-se por trabalhar primariamente em nível glótico, com alongamento-encurtamento de pregas vocais e favorecimento da coaptação, utilizando-se exercícios de trato vocal semi-ocluído (firmeza glótica e emissão em canudo estreito), realizados 5 vezes ao dia. Os resultados foram evidentes, com melhoria na qualidade vocal, normalização dos parâmetros acústicos e modificação na configuração laríngea, com retificação das pregas vocais, fechamento glótico completo e redução da constrição vestibular. O paciente ficou satisfeito com as melhorias obtidas e teve alta relativa, com seguimento periódico programado. Embora a situação de tratamento sem diagnóstico não seja ideal, alguns pacientes podem se beneficiar de uma terapia exploratória, desde que controlados e seguidos pelos membros de uma equipe multidisciplinar.
 
 
Contato: giselegasparini@uol.com.br
 

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