Código: PPM1760
A RESPIRAÇÃO ORAL E SUAS RELAÇÕES COM O ESTADO NUTRICIONAL |
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Autores: Daniele Andrade da Cunha , Giselia Alves Pontes da Silva , Maria Eugênia F. A. Motta , Cybelle Rolim de Lima, Hilton Justino da Silva |
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO/UFPE |
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INTRODUÇÃO: Poucas são as explicações para justificar a mudança no peso corporal do indivíduo respirador oral. Uma delas relaciona-se à mudanças no processo mastigatório e dificuldade de deglutição causada pela obstrução faríngea, nasal ou palatina. Outra refere que a diminuição do olfato pela obstrução nasal crônica, leva à alteração de paladar e consequentemente diminuição de apetite. E ainda há referências ao distúrbio do sono causado pela respiração oral, que gera desequilíbrio na secreção de hormônio do crescimento, aumentando o esforço respiratório noturno e o gasto calórico (DUALIBI, 2000). OBJETIVO: identificar o estado nutricional, características da mastigação, modo respiratório, olfato e paladar de crianças com respiração oral e compará-las com um grupo de crianças sem respiração oral. MÉTODOS: Esta pesquisa foi realizada em 2 Ambulatórios de Alergologia e Pediatria de hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A população de estudo foi composta das crianças, na faixa etária de 6 a 10 anos, atendidas nesses ambulatórios no período de abril a setembro de 2004. Para formação do grupo de casos, foram incluídas crianças portadoras de respiração oral secundária a rinite alérgica, confirmada em prontuário médico. O grupo controle foi formado por crianças com padrão de respiração nasal e que não tinham rinite alérgica. Foram excluídas, nos dois grupos, as crianças em uso de aparelho ortodôntico, portadoras de doenças sistêmicas, anormalidades craniofaciais, distúrbios neurológicos, asma, hipertrofias de adenóides e/ou de amígdalas.O estado nutricional foi avaliado através do índice de massa corporal (IMC), calculado pela razão entre massa corporal e estatura ao quadrado. Os valores obtidos foram comparados com o padrão do NCHS 2000, utilizados os seguintes pontos de corte: baixo peso < P5, eutrófico P5 até < P 85 e sobrepeso >P85.Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos sob o protocolo de número 062/2004. A criança sentou-se em uma cadeira, e foi solicitado que comesse um pão francês de 25 g normalmente. As crianças foram filmadas durante a mastigação do pão com uma filmadora digital Sony Digital Hand Cam VCR TRV 130 NTSC, fixada em um tripé com distância de um metro e meio, os dados foram gravados em fita 8mm. Paralelo ao procedimento de filmagem, o tempo da mastigação foi registrado com um cronômetro da marca Casio. Para a avaliação antropométrica do estado nutricional foi realizada a pesagem das crianças descalças, usando o mínimo de roupa possível. O valor encontrado foi expresso em centímetros.A análise do consumo alimentar foi realizada utilizando o método recordatório de 24horas. O recordatório 24h foi coletado através de questionário para investigação dos alimentos e bebidas ingeridas, bem como peso e tamanho das porções e tipos de preparações consumidas no dia anterior à coleta. O inquérito dietético era realizado com a mãe ou responsável, uma única vez no momento da entrevista. A coleta dos dados foi efetuada por pesquisador com formação na área de nutrição. O consumo alimentar foi analisado através do Programa de Apoio à Nutrição (Nutwin), versão 2,5 do Centro de Informática e Saúde da Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina (1993).Todas as informações foram armazenadas em banco de dados elaborado no programa de estatística Epi-Info, versão 6.04b .RESULTADOS :Foram incluídos no estudo 231 crianças (n=231), sendo 77 com respiração oral e 154 pertencentes ao grupo controle. Não houve diferença entre os grupos quanto à idade, sexo e duração do período que foram amamentados. A presença de ronco noturno e de saliva no travesseiro referidos pelas mães mostrou diferença estatisticamente significativa entre os grupos.Os grupos estudados apresentaram perfil sócio-econômicos semelhantes, com predomínio do pai como chefe da família; grande parte das famílias com renda mensal de até 2 salários mínimos; todas as casas com luz elétrica; maioria das duas populações tendo acesso à água encanada, e pouco mais da metade dos domicílios possuindo vaso sanitário com descarga, sem diferenças significativas.Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação à grande parte dos aspectos demográficos. A idade materna, embora apresentando nos dois grupos maioria entre 30 e 52 anos, observa-se maior tendência dessa idade no grupo de genitoras de crianças com respiração oral. As mães das crianças respiradoras orais apresentaram maior nível de escolaridade em relação ao grupo controle. O predomínio da prole de até 03 filhos foi observado nos dois grupos, no entanto existe uma tendência maior para esta quantidade de filhos nas famílias das crianças com respiração oral em relação ao grupo controle (p<0,05). Não houve diferença entre os grupos em relação ao trabalho materno fora do lar Em relação a variável estado nutricional, não houve diferenças entre os grupos.Com relação aos dados presença de boca aberta, uso de líquido e lentidão durante a mastigação e preferência por alimentos moles, todos fornecidos pelos responsáveis, não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos. A analise das respostas dos entrevistados quanto à dificuldade no paladar das crianças, mostrou diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p< 0,05). Na avaliação da mastigação observa-se que existe uma maior ocorrência de mastigação ruidosa, escape de comida e menor possibilidade de vedamento labial nas crianças com respiração oral, quando comparadas ao grupo controle, havendo diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p< 0,05).Os resultados demonstram que houve uma prevalência de mais de 2 minutos para comer o pão todo em ambos os grupos, sem diferenças significativas.A saída de ar bilateral é predominante nas crianças respiradoras orais e encontrada em todas as crianças do grupo controle. Observa-se diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p< 0,05).A relação entre ingestão energética, representada pelo valor calórico total, com o estado nutricional das crianças dos dois grupos do estudo, não havendo diferença entre os mesmos. Apesar de ser observada diferença estatisticamente significativa na dificuldade no paladar e não haver diferença na dificuldade do olfato entre os dois grupos, fica evidente a importância da observação destes dois aspectos na avaliação geral do estado nutricional em diferentes populações. Nossos resultados mostraram que as crianças no grupo de respiradores orais apresentaram maior ocorrência de mastigação ruidosa quando comparadas com as crianças do grupo controle. A observação da diferença estatisticamente significante entre os dois grupos pesquisados, é um sinal importante que demonstra a diferença da passagem de ar na via aérea superior no grupo de crianças respiradoras orais. A avaliação do consumo alimentar tem um papel crítico na área de pesquisa em nutrição e saúde e também no desenvolvimento de programas. A avaliação do consumo em nossa amostra demonstrou que ingestão de carboidratos na dieta das crianças respiradoras orais com baixo peso e eutróficas é menor quando comparada com a dieta das crianças com o mesmo estado nutricional do grupo controle, havendo uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p< 0,05). A ingestão desse nutriente não apresenta diferença entre as crianças com sobrepeso e obesidade nos dois grupos estudados.Não houve diferença entre os grupos em relação ingestão de proteína em todas as classificações do estado nutricional. A ingestão lipídica foi maior nas crianças respiradoras orais de baixo peso e eutróficas, havendo diferença estatisticamente significante entre os grupos (p< 0,05), entretanto esta diferença não foi evidenciada na dieta das crianças com sobrepeso e obesidade entre os dois grupos.CONCLUSÃO: A análise mostra que não existiu dados estatisticamente significativos que relacionem a alteração do estado nutricional com a ocorrência de respiração oral nas crianças analisadas. Porém alguns dados sobre a diferença na ingestão calórica de respiradores orais devem ser respeitados nos programas de atenção, promoção e intervenção da nutrição em populações com estas característica miofuncionais orofacias |
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