FATOS E MITOS EM AMPLIFICAÇÃO I |
Maria Cecília Martinelli Iório
Coordenador(a) |
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AASI – PRÓTESES AUDITIVAS
Os avanços tecnológicos vêm permitindo uma grande melhoria dos sistemas de amplificação, a sua miniaturização e a possibilidade de compensar de modo cada vez mais adequado os problemas causados pelos distúrbios da audição.
A adaptação bem sucedida de próteses auditivas em indivíduos com perdas auditivas neurossensoriais não é uma tarefa fácil pois estes indivíduos apresentam não somente perda da sensibilidade auditiva mas também alterações na resolução temporal, de intensidade e freqüência dos sons audíveis.
No século XX foram introduzidas diferentes tecnologias relacionadas à amplificação dos sons, para indivíduos com deficiência auditiva.
Houve a utilização desde sistemas não elétricos, como as cornetas acústicas, até a introdução dos sistemas totalmente digitais na década de 90.
Os sistemas mais modernos apresentam melhor desempenho quando comparado ao de sistemas mais antigos, uma vez que alguns dos maiores problemas dos sistemas mais antigos foram eliminados: distorção, faixa de frequências estreita, picos na resposta de frequência. Além disto, os diferentes tipos de compressão e múltiplos canais, permitem maior flexibilidade às características de ganho por freqüência dos aparelhos auditivos.
Com relação ao reconhecimento de fala sabe-se, entretanto, que não existe uma relação direta entre melhora na fidelidade sonora do sistema e a melhora no reconhecimento de fala. Melhora, no entanto, na qualidade sonora pode ser obtida com a melhora na fidelidade.
Existe um problema que não pode ser resolvido com a melhora da fidelidade : a dificuldade de ouvir na presença de ruído. Os indivíduos usuários de próteses auditivas tem um déficit de 5 dB na sua habilidade de ouvir na presença de ruído. A utilização de alguns recursos, em conjunto, podem auxiliar a melhorar a relação sinal/ruído . Estes recursos incluem: aparelho microcanal; microfones direcionais; faixa ampla de freqüências; adaptação binaural e programas de supressão de ruído implementados em aparelhos digitais.
Esta, sem dúvida alguma, será a questão a ser resolvida no século XXI.
As próteses auditivas são os instrumentos mais importantes para os pacientes portadores de deficiências auditivas não passíveis de tratamento médico ou cirúrgico. O processo de seleção e adaptação de próteses auditivas é apenas o início da habilitação/reabilitação do deficiente auditivo.
O sucesso da adaptação da prótese depende da avaliação e do acompanhamento otorrinolaringológico e audiológico, considerando os procedimentos de seleção e indicação da prótese, a fim de proporcionar um maior benefício e melhor satisfação ao usuário.
A seleção e adaptação de próteses auditivas implica em diversos passos. A ASHA (1998) recomenda as seguintes etapas: avaliação, planejamento da intervenção, seleção, verificação, orientação e validação. Embora os processos de seleção e adaptação de próteses auditivas em adultos e crianças tenham a mesma fundamentação teórica, também existem diferenças que não podem ser desprezadas.
Para crianças, o Pediatric Working Group indica a mesma estrutura básica, dando destaque à avaliação, à seleção, à verificação e à validação. Beauchaine , em 2001, destacou neste processo a importância da impressão e do molde auricular bem como a avaliação do RECD ( real ear coupler difference), que seriam valores relativos à diferença de tamanho da orelha externa de bebês, crianças e adultos e propôs um protocolo que consta das seguintes etapas:
1 - Impressão e Moldes;
2 - Avaliação do RECD;
3 - Método Prescritivo para seleção do ganho;
4 - Seleção dos aparelhos;
5 - Verificação ;
6 - Adaptação de Acompanhamento.
É preciso lembrar que os métodos de avaliação e as tecnologias disponíveis estão em continuo desenvolvimento e aprimoramento. O clínico, portanto, deve estar em contínuo processo de aperfeiçoamento de suas habilidades e aquisição de conhecimentos.
Assim sendo, a adaptação de próteses auditivas é um processo que consiste de quatro etapas : avaliação, seleção , verificação e validação. Este processo vem se modificando ao longo dos anos necessitando cada vez mais de instrumentos que possam auxiliar na verificação dos resultados obtidos com a prótese auditiva bem como a sua validação.
O objetivo principal é avaliar o desempenho de deficientes auditivos antes, durante e após o processo de adaptação de dispositivos eletrônicos - próteses auditivas por meio de medidas objetivas e subjetivas.
Existe uma consciência crescente, na área da saúde, sobre a importância do ponto de vista do paciente no sucesso funcional do tratamento.
Antigamente o sucesso era avaliado pelo profissional da saúde baseado em dados técnicos , dados de laboratório. Atualmente as avaliações consideram além destas medidas, o julgamento do paciente sobre a extensão na qual o tratamento tem aliviado os seus problemas. Toda a preocupação atualmente é com a qualidade de vida dos pacientes deficientes auditivos. Para este fim têm sido elaborados questionários de auto-avaliação. Na verdade são três as dimensões que podem ser analisadas: a aceitação, o benefício e a satisfação.
A aceitação diz respeito a ficar ou devolver o aparelho que incluem entre outros os seguintes aspectos: motivação; expectativa; adaptação física; estética; facilidade de manipulação; qualidade do som; aclimatização; credibilidade; capacidade visual...
O benefício diz respeito ao bem estar do paciente. Se as próteses promovem ou aumentam seu bem estar. E a satisfação diz respeito a um desejo satisfeito.
Além destas medidas também são utilizadas medidas realizadas em ambiente clínico como o ganho funcional, ganho de inserção e medidas de crescimento de sensação de intensidade.
Para a verificação do ganho acústico e resposta de freqüências são realizadas as medidas de ganho funcional - audiometria em campo livre com e sem próteses auditivas e medidas com microfone sonda. Para a validação são utilizados os questionários de auto-avaliação HHIE, APHAB, IOI-HA e o protocolo PAL para avaliação da sensação de intensidade.
O acompanhamento, tanto da criança como do adulto é imprescindível. A criança deverá ser reavaliada em intervalos de tempo menores do que o adulto e tanto menores quanto menor for a criança. Desta forma recomenda-se que a criança retorne a cada três meses até três anos de idade; a cada seis meses até os seis anos de idade e anualmente após os seis anos de idade.
Em casos de perdas progressivas e de otites médias associadas recomenda-se um acompanhamento mais freqüente. |
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Contato: cmartinelli@osite.com.br |
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