DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS EM BEBÊS E CRIANÇAS PEQUENAS
Beatriz C A Caiuby Novaes
Coordenador(a)
 
Particularidades das técnicas envolvidas na prescrição, verificação e adaptação de dispositivos eletrônicos utilizados para tornar audível o sinal de fala para crianças com deficiência auditiva têm sido alvo de discussão já que tem implicações diretas no desenvolvimento da linguagem oral destas crianças. Fundamentos da clínica fonoaudiológica para o deficiente auditivo visando a comunicação oral compreendem um espaço interdisciplinar relativo à linguagem, audição, desenvolvimento psicológico e social, discutidos a partir da utilização de dispositivos eletrônicos que se fundamentam em conhecimentos de outras ciências que discutem teorias de percepção e produção de fala, plasticidade neural, física acústica e fonética acústica-articulatória dentre outras (NOVAES e BALIEIRO, 2004). O diagnóstico precoce, a adaptação de aparelhos de amplificação e a intervenção imediata são de fundamental importância para o desenvolvimento da linguagem oral e, conseqüentemente melhores possibilidades de integração social da criança. Neste sentido, um programa de intervenção precoce inclui terapia fonoaudiológica, trabalho com a família e adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual. Adaptando bebês e crianças deficientes auditivos com dispositivos eletrônicos e trazendo-os à terapia de linguagem tão cedo quanto possível é a motivação para toda a ênfase na triagem auditiva neonatal e diagnóstico precoce. O diagnóstico de bebês na maternidade trouxe demandas de produção de conhecimento quanto ao papel da audição nos primeiros meses de vida e as particularidades na adaptação e uso dos dispositivos de amplificação. A escolha do aparelho, suas regulagens ou programações, o desconforto, a validade e fidedignidade das avaliações comportamentais e a utilização dos resultados do ABR em freqüências específicas, são algumas das questões que vem sendo discutidas em todo o mundo. A adequação da amplificação é nesta fase um processo contínuo, que se desenrola a partir, não só das respostas auditivas, mas principalmente na análise e interpretação da interação audição/ linguagem. Rituais de atribuição de sentido e a qualificação dos comportamentos envolvendo o canal auditivo, são determinantes dos ajustes do aparelho e implementação de técnicas fonoaudiológicas, aspectos discutidos por ESTABROOKS (1994), FLEXER (1999) e ALVES (2002) em seus trabalhos. A questão da relação audição/ linguagem vem sendo discutida há décadas. Nas propostas fonoaudiológicas para o deficiente auditivo, o papel da audição na aquisição de linguagem fundamenta e determina o método clínico e técnicas terapêuticas. No trabalho que visa a aquisição da língua falada, a discussão desta relação constitui um dos principais eixos de sustentação da clínica para o deficiente auditivo e implica em um rearranjo das situações interacionais no sentido de favorecer o canal auditivo. A utilização de protocolos de acompanhamento das habilidades auditivas e de linguagem nos primeiros anos de vida vem da necessidade de avaliar a efetividade das propostas de intervenção para o bebê e criança deficiente auditiva através de estudos longitudinais. A relação entre percepção e produção de fala e respostas auditivas ao longo do tempo nos primeiros três anos de vida tem implicações importantes no delineamento de propostas de programas para portadores de deficiência auditiva. Nesta mesa redonda os palestrantes discutirão o processo de prescrição, verificação e adaptação de aparelhos de amplificação sonora e a indicação, processo de seleção e adaptação ao implante coclear em bebês e crianças com deficiência auditiva. Serão abordadas as variáveis envolvidas no sucesso da adaptação destes dispositivos eletrônicos e como cada uma delas é determinante para o desenvolvimento da oralidade. Aspectos relativos ao tamanho do conduto, maturação, plasticidade, etiologia, dificuldades em avaliações objetivas de percepção e produção de fala, relações com aspectos do desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo, questões cirúrgicas, infraestrutura, custo e manutenção dos dispositivos. A partir das apresentações dos palestrantes as múltiplas variáveis serão discutidas a partir de casos visando estabelecer as relações entre a adequação da tecnologia disponível a cada bebê ou criança e as implicações no desenvolvimento de habilidades auditivas e de linguagem. Referências Bibliográficas Alves AMVS. As metas terapêuticas na habilitação da criança deficiente auditiva usuária do implante coclear. São Paulo: PUCSP, 2002. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós graduação em Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2002. Estabrooks W. Auditory-Verbal therapy for parents and professionals. 2 ed. Washington, DC: Alexander Graham Bell Association for the Deaf;1994.313 p. Flexer C. Facilitating hearing and listening in young children. 2ed. San Diego, CA: Singular Publishing Group, Inc. 1999. 296 p. Novaes, BCAC e Balieiro, CR Terapia Fonoaudiológica da Criança Surda, In: FERREIRA, L ET AL., organizadoras. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 2004, p.732-739.
 
Contato: beatriznovaes@aol.com
 

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