TRATAMENTO INTERDISCIPLINAR DE PACIENTES PORTADORES DE DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES COM USO DE PLACA INTEROCLUSAL E FONOTERAPIA |
Lucimar Rodrigues
Palestrante |
|
As alterações temporomandibulares podem ocorrer com freqüência, contudo é necessário identificar as disfunções das demais alterações, como as anomalias de desenvolvimento; artrites; luxações, anquilose e neoplasias.
O tratamento das disfunções temporomandibulares deve iniciar-se de forma conservadora, mostrando-se eficaz para a maioria dos casos, sendo a forma radical indicada somente para àqueles que não respondem ao conservador.
.
Das indicações de terapia com placa interoclusal, destacamos a aplicação da terapia em pacientes portadores de disfunção da articulação temporomandibular (ATM) com envolvimento muscular e articular e os associados com hábitos deletérios. A placa interoclusal visa a redução da atividade muscular e proteção ao desgaste dental pela atrição e a normalização e estabilização dos movimentos mandibulares, podendo reduzir sintomas da disfunção da ATM, bem como a redistribuição de forças e controle dos efeitos do briquismo e apertamento dental. Nas disfunções da ATM o uso da placa interoclusal deve ser intensivo, com controle de ajustes oclusais, obtendo-se a melhora dos sintomas, seguido de uso noturno por tempo necessário de manutenção da estabilidade com duração de três a seis meses de tratamento, sendo que para o controle do briquismo a terapia poderá ser de longo prazo com uso noturno.
Na área do aparelho estomatognático, os principais hábitos deletérios, também chamados de hábitos parafuncionais, são: o briquismo, representado pelo ranger de dentes; o apertamento dental; onicofagia, representado pelo roer de unhas; hábito de morder objetos como lápis, alfinete, prego; hábito de morder os lábios, bochechas e língua e hábito de apoiar a mão sob a mandíbula; sucção digital e outros; hábitos posturais viciosos como apoiar o telefone no ombro e mandíbula, também o rifle, violino; trabalho físico extenuante ou de concentração com a contração dos músculos da face associados ao apertamento dental como dirigir, ler, escrever, levantar peso, datilografar, digitar e mastigação unilateral. Estes hábitos podem ser de ocorrência diurna ou noturna. Os hábitos deletérios diurnos em geral são transitórios e sem significância clínica. Normalmente desaparecem quando o estímulo não é mais ativo. Com reforço, contudo, podem tornar-se crônicos, apresentar maior intensidade e seqüelas como alterações nos dentes, músculos mastigatórios, periodonto e ATM. Os noturnos são representados pelo apertamento dental, com episódios unitários e o briquismo com contrações rítmicas. Os pacientes que têm briquismo noturno parecem ter mais sintomas.
Em associação com o tratamento de fonoterapia, temos observado uma redução da sintomatologia dolorosa com relação ao tempo de tratamento de pacientes portadores de disfunções temporomandibulares e hábitos deletérios. A atuação da fonoterapia e o tratamento com placa interoclusal diversifica-se dependendo de casos clínicos especiais. Uma associação na anamnese e exame clínico, e então diagnóstico e o planejamento da atuação interdisciplinar pode ocorrer em determinados casos uma modificação da placa interoclusal com funções estabilizadoras e reposicionadoras para que possibilite obter resultados satisfatórios na fonoterapia e benefícios ao paciente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ABDEL – HAKIM, A.M.; ALSALEM, A.; KHAN, N. Stomatognathic
Dysfunctional symptoms in Saudi Arabian adolescents. J Oral Rehab., v.23,
n.10, p.655-661,1996.
2. ALLEN, J.D.; RIVERA-MORALES, W.C.; ZWEMER, J.D. The occurrence of
temporomandibular disorder symptoms in healthy young adults with and without
evidence of bruxism. J Craniomand Pract., v.8, n.4, p.314-318,1990.
3. BECERRA SANTOS, G., et alTerapia oclusal com placas. Rev.Fac Odontol
Univ.Antioquia v.7,n.1,p.41-47,Oct.1995.
4. CHEN, C.N. et al. Effects of splint therapy in TMJ
disfunction: a study using magnetic resonance imaging. Aust Dent J,v.40,n.2,
p.71-78, Apr.1995.
5. CLARK, G.T.; TAKEUCHI, H. Temporomandibular dysfunction, chronic orofacial
pain and oral motor disorders in the 21st century. J Cal Dent Assoc., v.23, n.4,
p.41-50,1995.
4. DAVIES, S.J. & GRAY, R.J. The pttern of splint usage in the management of two
common temporomandibular disorders. Part II the stabilisation splint in the
treatment of pain dysfunction syndrome. Br.Dent J. v.183,n.7,p.247-251, Oct.1997.
5. DONEGÁ, S.H.P; CARDOSO, R.; PROCÓPIO, A.S.F.; LUZ. J.G.C. Análise da
sintomatologia em pacientes com disfunções intra-articulares da articulação
temporomandibular. Rev Odontol Univ São Paulo,v.11, p.77-83, 1997. Supl.
6. FIGUEIREDO, E.S.; BIANCHINI, E.M.G.; CRIVELLO Jr., O. Hábitos
parafuncionais em pacientes portadores de disfunção dolorosa da articulação
temporomandibular (ATM). In: MARCHESAN, I.Q.; ZORZI, J.L.; GOMES,
I.C.D. Tópicos em fonoaudiologia. São Paulo: Lovise, 1998. p.213-232.
7. FRICTON, J.R.; KROENING, R.J.; HATHAWAY, K.M. TMJ and craniofacial
pain.. Diagnosis and management. Saint Louis, Ishiyaku Euroamerica, 1988,
p.183.
5. KERSTEIN, N.B. Treatment of myofascial pain dysfunction syndrome with oclusal
therapy to reduce lengthy disclusion time – a recall evaluation. J.Craniomand
Pract,v.13, n.2, p.105-115,Apr.1995.
8. LISBOA, MCMS; LUZ, JGC. A placa interoclusal no tratamento do briquismo. Re Odontol UNICID, v.14, n.2, p.121-6, 2002.
9. LUZ, J.G.C.; MARAGNO, I.C.; MARTIN, M.C. Characteristics of chief complaints
of patients with temporomandibular disorders in a Brasilian population. J Oral
Rehab., v.24, p.240-243, 1997.
10. MOLINA, O.F.; SANTOS, Jr., J. The prevalence of some joint disorders in
craniomandibular disorder (CMD) and bruxers as compared to CMD nonbruxer
patients and controls. J Cranomand Pract., v.17, n.1, p.17-29,1999
6. NELSON, S.J. Principles of stabilization bite splint therapy. Dent Clin North Am,
v.39,n.2,p.403-421, Apr.1995.
11. NOWLIN, T.P.; NOWLIN, J.H. Examination and occlusal analysis of the
masticatory system. Dent Clin North Am., v.39, n.2, p.379-401, 1995.
12. OKESON, JP. Fundamentos de oclusão e desordens temporo-mandibulares. São
Paulo: Artes Médicas, 2ª Ed., 1992, 449p.
13.RODRIGUES, L; CORREIA, F.A.S. Indicações de terapia com placa interoclusal.
Rev Bras Odontologia, v. 57, n. 6, p. 401-3, Nov. 2000.
13. RODRIGUES, L; LEMOS, J B D; TOKURA, M; LUZ, J G C. Freqüência de hábitos parafuncionais e suas manifestações clínicas em pacientes com disfunções da articulação temporomandibular. Rev.Odontol.UNICID, v.13,n.2,p.113-123, 2001.
14. SASAKI, S. Application of myofunctional therapy in cases with craniomandibular
disorders. Int.J.Orofacial Myology, v.20,p.27-31, 1994.
15. SATO,H.; FUJII,T.H. et al. Anterior mandibular repositioning in
a patient with temporomandibular disorders: a clinical and tomographic follow-
p case report. J.Craniomand Pract, v.15,n.1,p.84-88,Jan.1997.
16. SCHIFFMAN, E.L.; FRICTON, J.R.; HALEY, D. The relationship of occlusion, parafunctional habits and recent life events to mandibular dysfunction in a non-patient population. J Oral Rehab., v.19, n.3, p.201-203, 1992.
17. WILLIS, W.A. The effectiveness of na extreme canine-protected splint with limited
lateral movement in treament of temporomandibular dysfunction. Am J.Orthod
Dentofacial Orthop. V.107, n.3,p.229-234, Mar.1995.
18. YAP, A.U.J. Effects of stabilization appliances on nocturnal parafunctional activities in patients with and without signs of temporomandibular disorders. J Oral Rehab, v.25, n.1, p.64-68, 1998.
|
|
Contato: rodriguesl@uol.com.br |
|

Imprimir Palestra |
|