A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA JUNTO AO PROFISSIONAL DO TELEJORNALISMO |
Leny Rodrigues Kyrillos
Apresentador(a) de Caso |
Instituição: INSTITUIÇÃO - PUC-SP |
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O trabalho do fonoaudiólogo junto a esse profissional deve identificar as necessidades mais importantes e considerar as condições de trabalho às quais eles são submetidos.
O objetivo de nossa mesa é a discussão de casos de profissionais do telejornalismo, envolvendo características de sua avaliação e propostas de atuação fonoaudiológica. A conduta indicada deve basear-se, porém, na compreensão ampla de suas condições pessoais e profissionais.
A primeira abordagem ao profissional deve contemplar a observação de dados e de situações relacionados à comunicação em geral, e à atuação profissional especificamente.
1- Anamnese
Nesse momento, o profissional deve ser estimulado a fornecer os dados de sua identificação. Além dos tradicionais (nome, data de nascimento, naturalidade, nacionalidade, formação, estado civil) é importante o relato de seu percurso profissional, relacionado às atividades e aos locais de atuação. É necessário também o conhecimento a respeito das cidades/estados em que o profissional já atuou, e por quanto tempo. Influências quanto a sotaque ou a presença de regionalismos precisam ser discutidos, além da interferência de suas formas de atuação anteriores.
Em seguida, discorreremos sobre a “queixa”. Aqui, encontramos desde profissionais com histórico de alterações vocais já instalados (cada vez mais raros) até aqueles praticamente sem queixa, apenas com o desejo de aprimorarem seu padrão de emissão profissional. É importante conhecer a percepção que o sujeito tem de sua comunicação, bem como as impressões de outras pessoas sobre a sua performance, especialmente colegas de profissão e superiores. É comum o profissional especificar os momentos ou as situações em que observa maiores dificuldades, como, por exemplo, nas transmissões ao vivo, na gravação dos offs, etc. também é importante questionar quanto aos fatores que interferem positiva ou negativamente.
A seguir falaremos sobre sua performance profissional. É necessário perguntarmos sobre o fumo, álcool, ingestão de água, alimentação, sono e atividade física, fatores importantes para este grupo de profissionais, e de impacto na atuação deles. Dados sobre a altura e o peso também complementam esta parte, nos dando a idéia do equilíbrio ou de eventuais distúrbios nesta área
Finalmente, abordaremos as informações referentes à saúde como um todo. Condições respiratórias, digestivas (objetivando pesquisar o refluxo gastresofágico), auditivas, além de dados sobre os outros aparelhos, têm impacto na produção vocal, e merecem a nossa atenção.
Além disso, questionar sobre o hábito de utilizar medicamentos, e sobre a realização de cirurgias anteriores complementa o quadro e nos fornece os dados valiosos para a nossa orientação posterior. Para concluir, questionamos sobre o tratamentos fonoaudiológicos anteriores, além de aulas de canto, teatro, ou seja, qualquer tipo de orientação ou treinamentos relacionados à comunicação.
2. Avaliação Fonoaudiológica
Em primeiro lugar, é necessário avaliarmos duas situações de comunicação: a emissão espontânea, utilizada fora do vídeo, e a emissão profissional. As duas situações precisam ser observadas, e os dados são complementares. É comum observarmos que na emissão profissional vários itens da qualidade vocal se aprimoram, como por exemplo a articulação e a ressonância, já que há um cuidado maior com a emissão.
Para a avaliação da emissão espontânea, sugerimos o registro gravado para classificação dos itens da avaliação tradicional da voz, enfocando a qualidade vocal com todos os seus parâmetros, por meio de análise perceptiva auditiva. É importante, também, a observação e descrição detalhada dos órgãos fono-articulatórios, além das medidas dos tempos máximos de fonação e da palpação da laringe e cintura escapular. Complementamos com a análise acústica da voz, utilizando programas específicos, para a obtenção de dados mais objetivos qualitativos e quantitativos.
A avaliação da emissão profissional deve ser feita a partir de fitas com a atuação profissional do repórter ou apresentador. As “simulações” só devem ser solicitadas quando o sujeito ainda não atua profissionalmente (estudantes/estagiários). É importante observarmos mais de uma situação de atuação, em dias e momentos diferentes.
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Contato: leny.kyrillos@uol.com.br |
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