A TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NA HABILITAÇÃO DA CRIANÇA DEFICIENTE AUDITIVA USUÁRIA DE IMPLANTE COCLEAR |
Adriane Lima Mortari Moret
Apresentador(a) de Caso |
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Promover a aquisição da linguagem oral por meio da audição é o objetivo principal da terapia fonoaudiológica com crianças deficientes auditivas usuárias de implante coclear.
A alta tecnologia do implante coclear possibilitou a percepção dos sons da fala, mas isto por si só não conduz a criança ao pleno desenvolvimento da linguagem oral. É no processo terapêutico que a criança tem a chance de aproveitar ao máximo os benefícios vindos do implante coclear. É também durante o processo terapêutico que o fonoaudiólogo e os pais capitalizam as possibilidades educacionais para o ouvir e o falar.
Com o implante coclear, os métodos auditivos unissensoriais voltados ao atendimento da criança deficiente auditiva puderam ser revitalizados. Nestes métodos a audição é o foco único e central, sendo assim, exercem hoje forte influência na habilitação da criança implantada, uma vez que esta criança tem a possibilidade de acesso a todo o espectro dos sons da fala.
Porém, embora poderoso e eficaz, o implante coclear, por si só, não conduz a criança ao êxito pleno na habilitação. É fundamental compreender que a habilitação da criança deficiente auditiva implantada também inicia-se logo após o diagnóstico. Quanto mais jovem a criança inicia o tratamento, mais cedo terá a possibilidade de alcançar resultados benéficos de audição e de linguagem, e isto ocorre tanto para a criança usuária de aparelho de amplificação sonora individual como para a criança usuária de implante coclear. A indicação e a adaptação do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) logo após o diagnóstico também é essencial para minimizar a privação sensorial antes da implantação, desencadeando o início do desenvolvimento da função auditiva e a integração da audição à personalidade da criança. Possibilitar o desenvolvimento do feedback acústico-articulatório (ouvir sua própria voz) para o monitoramento da fala é uma das metas a ser alcançada, e a realização do implante coclear facilita a conquista desta habilidade.
Anteriormente aos implantes cocleares as atividades terapêuticas e as estratégias para minimizar a privação sensorial eram voltadas a uma concepção de treinamento auditivo, no qual as tarefas apresentadas à criança não eram contextualizadas, as crianças tinham mínimas chances de integrar audição e linguagem oral. Aprender a ouvir era uma árdua tarefa, e muitas vezes o que a criança conseguia era ouvir alguns ruídos da casa e do ambiente, e poucos sons de fala, principalmente as vogais.
A tecnologia diferencial disponibilizada pelo implante coclear requer profissionais habilitados, com perfil renovado a partir do que o dispositivo possibilita para o desenvolvimento da criança, com o objetivo final de maximizar todo o potencial auditivo da criança implantada, contextualizado no trabalho de habilitação.
O terapeuta de crianças usuárias de implante coclear deve estar preparado e consciente das inúmeras possibilidades de cada uma de suas crianças, fazendo do processo terapêutico um constante diagnóstico de habilidades e necessidades, trocando as informações com os demais membros envolvidos na (re) habilitação destas crianças, oferecendo as orientações sobre o que já foi conquistado pela criança e os passos a se alcançar.
Desta forma, o terapeuta deve considerar que cada criança é única, e estar ciente da multiplicidade de características da população de crianças usuárias de implante coclear.
Estes atributos e requisitos serão fundamentais para o sucesso da habilitação da criança implantada, que significa uma criança compreendendo a linguagem oral e falando fluentemente a sua língua.
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Contato: dri.m@fob.usp.br |
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