PROJETOS INTERDISCIPLINARES EM MOTRICIDADE OROFACIAL: GRUPO DE BIODINÂMICA E CLÍNICA ODONTOLÓGICA DE PACIENTES ESPECIAIS |
Carla Menezes da Silva
Palestrante |
Instituição: PUC MINAS |
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A atuação clínica com pacientes portadores de necessidades especiais (PNE) tornou-se hoje uma preocupação constante da sociedade, principalmente dos profissionais da saúde, que atualmente podem viabilizar atendimento multi e interdisciplinar. Este enfoque de tratamento em equipe favorece o ganho funcional desses pacientes garantindo melhor qualidade de vida e verdadeira integração no meio social em que vivem. Pensando nessa abordagem, elegemos neste momento, o campo da motricidade orofacial para fundamentar a clínica da fonoaudiologia e da odontologia no atendimento aos pacientes PNE. Sabemos que a Fonoaudiologia estabelece interfaces com diferentes profissões, mas suas principais interligações são com a Odontologia, Fisioterapia e Medicina (Marchesan, 2004). As especialidades da Odontologia, que mais se associam ao trabalho fonoaudiológico são a Ortodontia/Ortopedia Facial e Odontopediatria, dentre outras (Documento Oficial 01/2001 do Comitê de MO da SBFª). Na clínica de pacientes PNE, o odontopediatra é o profissional da odontologia com maiores possibilidades de atuação, pois enfatiza a importância da prevenção, orientação à família em relação a higienização e dieta adequada, proporcionando assim a saúde bucal (Silva, Fonseca, Murer, 2004). O fonoaudiólogo, especialista em motricidade orofacial tem sua atuação voltada para a prevenção, avaliação e reabilitação dos aspectos estruturais e funcionais das regiões orofacial e cervical (Documentos Oficiais 01/2001,02/2002 03/2003 do Comitê de MO da SBFª). A partir do desenvolvimento de uma clínica com atenção interdisciplinar podemos conhecer as reais dificuldades dos pacientes PNE, bem como identificar as principais estratégias para o tratamento específico de cada área e as que compõem a atuação conjunta. E além disso, podemos estabelecer as principais orientações às famílias, que acompanham esses pacientes e necessitam de continuidade do tratamento em ambiente domiciliar. O objetivo principal desse trabalho é elencar algumas especificidades do atendimento fonoaudiológico e odontológico direcionado aos pacientes PNE que englobam a paralisia cerebral, algumas síndromes, tais como: Down, Pierre Robin , Goldenhar e, ainda, o retardo mental. Existem outras patologias que já possuem atendimento especializado, mas vamos nos ater às citadas acima, pois já desenvolvemos tratamento conjunto específico em nosso serviço, na Clínica de pacientes PNE da PUC Minas. O serviço integrado de atendimento a Pacientes Portadores de Necessidades Especiais (PNE), existe desde fevereiro de 2004 na PUC Minas, com a participação dos alunos dos cursos de graduação da Fonoaudiologia e Psicologia e pós-graduação da Odontologia. Os atendimentos são realizados nos ambulatórios do curso de Odontologia e Fonoaudiologia, em freqüência semanal e envolve a avaliação e reabilitação odontológica e fonoaudiológica. A população atendida geralmente é composta por crianças e adolescentes na faixa etária de 03 a 15anos. Para se obter uma intervenção eficaz, a anamnese aborda aspectos importantes como a história clínica do paciente e investiga-se, nesse momento, o que é específico da odontologia e da fonoaudiologia. Todas as informações sobre os aspectos relacionados às alterações da forma óssea e dentária, bem como das funções alimentares e de respiração são coletadas nessa entrevista inicial para se ter um melhor direcionamento nas avaliações seguintes. A família participa ativamente, apontando suas principais dificuldades no lidar diário, principalmente na alimentação e higienização bucal dessas crianças. A avaliação específica acontece em seguida por meio de um exame clínico detalhado da cavidade oral, onde é realizada uma análise das estruturas estáticas e dinâmicas do complexo orofacial. A avaliação odontológica é prioritária para se determinar o tratamento. A partir daí, os pacientes PNE são encaminhados para os procedimentos de prevenção e/ou tratamento odontológico. O tratamento odontológico e fonoaudiológico é oferecido para essa população tendo como maior objetivo a atuação conjunta. Alunos dos cursos de odontologia e fonoaudiologia discutem suas práticas clínicas, vêem os pacientes de uma forma global, respeitando e interligando conhecimentos distintos das duas áreas. As famílias são assistidas conjuntamente, o que promove maior segurança e investimento nos tratamentos. Podemos constatar esses resultados pela freqüência aos atendimentos. As intervenções, tais como, o posicionamento dos pacientes na cadeira odontológica, orientações sobre alimentação e encaminhamentos necessários para complementação diagnóstica, são realizados por esses alunos, buscando técnicas específicas necessárias ao atendimento do paciente portador de necessidades especiais. Desenvolve-se também grupos de acolhimento e orientação de pais. Estas reuniões são realizadas por alunos da Fonoaudiologia e Psicologia com a intenção de promover uma humanização no serviço. Os pais espontaneamente podem se deslocar para uma sala ao lado do ambulatório, onde se tem um espaço reservado para conversa informal. Nesta conversa temas como: as principais dificuldades vivenciadas pelos pacientes PNE, inseguranças e medos dos pais sobre as possíveis intervenções cirúrgicas odontológicas e/ou fisioterápicas, são abordados de forma que esses pais podem se expressar livremente e alunos desenvolvem uma escuta voltada para as reais necessidades da família. Quando constata-se uma maior necessidade de assistência emocional, através de intervenção psicológica específica, as famílias são encaminhadas para a clínica de psicologia. As orientações enfatizam principalmente a adequação postural e tipo de alimentação, além de estímulo diário da linguagem e fala. O objetivo desta pesquisa foi desenvolver um Protocolo de Avaliação da Motricidade Oral direcionada a pacientes portadores de necessidades especiais atendidos na clínica de Odontologia da PUCMINAS. Para isso, foi realizada a avaliação da Motricidade Oral em vinte pacientes portadores de necessidades especiais que se encontram em tratamento odontológico nas fases de prevenção e manutenção. Através da avaliação foram observados os seguintes aspectos: postura, mobilidade e tonicidade dos órgãos fonoarticulatórios e suas respectivas funções. Os resultados evidenciaram alterações em vários aspectos examinados, interferindo diretamente na execução das funções de mastigação, deglutição e fala pelos pacientes. A partir da aplicação do Protocolo de Motricidade Oral nos pacientes portadores de necessidades especiais observou-se que existem itens muito importantes que não estavam presentes na avaliação tais como a sensibilidade, a postura corporal do paciente e os sinais clínicos do paciente durante e após a deglutição do alimento. Além disso, observar o cuidador alimentando o paciente proporciona o conhecimento das reais dificuldades presentes nesses pacientes durante a administração da dieta. A partir da análise dos resultados e da Aplicação do Protocolo de Avaliação da Motricidade Oral concluiu-se que a intervenção Fonoaudiológica conjunta à Odontológica apresenta grande importância para os pacientes portadores de necessidades especiais, uma vez que esses profissionais estão envolvidos na habilitação e reabilitação desses pacientes.
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Contato: cms14@uol.com.br |
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