Código: OCL0044
O LUGAR DO SIMBÓLICO NO DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM DA CRIANÇA SURDA
 
Autores: Claudia Campos Machado Araújo, Cristina Broglia Feitosa de Lacerda
Instituição: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP
 
Introdução: Para a Fonoaudiologia interessa significativamente o desenvolvimento da linguagem e da criança surda que apresenta dificuldades ou alterações nas esferas simbólicas, que a impedem de constituir-se subjetivamente e de atuar socialmente. A Teoria Histórico-Cultural tem argumentado pela centralidade da linguagem no desenvolvimento mental humano destacando-a como definidora do processo de simbolização. Falar de desenvolvimento do processo de simbolização implica falar de desenvolvimento do processo de operação com signos. A atividade de utilização de signos surge em um processo de desenvolvimento de operações em que ocorrem transformações qualitativas. As operações com signos tornam-se complexas no curso do desenvolvimento da criança, no qual os sistemas psicológicos de transição estão entre o biologicamente dado e o culturalmente adquirido (Vygotsky, 1998 e 2002). É na atividade simbólica que a criança reconstrói as suas vivências com o mundo adulto, através das regras e generalizações de papéis prototipizados culturalmente (Silva, 2002).

Objetivo: Explorar o potencial das esferas simbólicas da linguagem - gestos, desenhos, jogos, brincadeiras, literatura infantil, dramatização, escrita - na emergência dos processos em mudança e na dinâmica das interações sociais e mediações semióticas entre crianças surdas bilíngües.

Método: Naturalista-observacional (Perroni, 1996). Construtos teóricos e metodológicos da Perspectiva Histórico-Cultural (Vygotsky, 1996 e 1997), articulado aos aspectos da análise microgenética (Wertsch, 1991). Os sujeitos da pesquisa foram duas crianças surdas usuárias da língua brasileira de sinais - LIBRAS - e da língua portuguesa; ambas do sexo masculino; faixa etária de 9 e 10 anos; diagnóstico audiológico de surdez profunda bilateral e queixa de atraso do desenvolvimento de linguagem . A coleta de dados ocorreu entre março e dezembro de 2004, contendo relatórios das 27 sessões semanais de 120 minutos (60 minutos destinados ao atendimento clínico-terapêutico e 60 minutos ao aprendizado da língua de sinais) e 30 horas de filmagens transcritas .

Resultados: As análises evidenciaram o uso das atividades simbólicas como instrumento clínico eficaz e propulsor do desenvolvimento da linguagem de crianças surdas. Apontaram também para sua capacidade de promover a construção de conhecimentos e enriquecimento das práticas sociais.

Conclusão: O processo terapêutico fonoaudiológico que aborda e explora a imersão da criança surda no universo simbólico, permite a relação, inter-relação e reflexão sobre signos, favorece a articulação entre língua e recursos expressivos, propiciando o seu desenvolvimento pleno como ser comunicante.
 
 
Contato: claudia-araujo@uol.com.br
 

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