NEUROPATIA AUDITIVA: E A REABILITAÇÃO?
Osmar Mesquita Sousa Neto
Comentador(a) de Caso
Instituição: FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA - SÃO PAULO
 
Neuropatia auditiva caracteriza pacientes com dificuldade para compreender a fala, embora detectem sons de intensidade baixa. Nesses, o audiograma tonal mostra elevação leve a moderada para tons de frequencia baixa, índice de reconhecimento de fala pobre e alterações dos reflexos do músculo do estribo. Uma das características mais marcantes, na avaliação auditiva complementar, é a falha na obtenção dos potenciais de tronco encefálico, apesar da presença de emissões otoacústicas normais. Os primeiros relatos, acerca de pacientes que exibiam outras alterações neurais, sugeriram que a alteração ocorria entre o primeiro neurônio e o complexo olivar superior. Desde então, alguns autores detectaram a mesma combinação de resultados nos PAETE e EOA em crianças com transtornos perinatais graves, como hipóxia, hiperbilirrubinemia, uso de ototóxicos e infecções virais. Porém, estudos posteriores revelaram que a função auditiva nesses pacientes se desenvolvia de maneira muito diferente, e o resultado de testes comportamentais e subjetivos, somado ao conhecimento já disponível sobre as lesões causadas por essas situações clínicas, sugeria que o comprometimento do sistema auditivo era mais extenso, atingindo também a cóclea e estações mais altas do sistema nervoso auditivo, como os gânglios da base e o córtex cerebral. Outros estudos confirmaram que não se podia concluir que uma alteração era exclusivamente neural pela presença de emissões otoacústicas em indivíduos que não exibiam potenciais auditivos evocados de tronco encefálico. A descoberta de alterações em genes relacionados com a manutenção da bainha de mielina em pacientes portadores de neuropatia auditiva, cujo quadro auditivo descrito sugeria alteração neurológica e, posteriormente, a descrição de alterações exclusivamente neurais em estudos pós-morte, reforçaram a hipótese de localização da lesão entre o nervo coclear e o tronco encefálico baixo. Dessa forma, a proposta de reabilitação deve se apoiar num diagnóstico etiológico e topográfico ou, na falta destes, num estudo da função auditiva do paciente.
 
Contato: mesquitaneto@uol.com.br
 

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