ESTUDO DE CASO – TRABALHO EM MOTRICIDADE OROFACIAL COM INDIVÍDUOS ASMÁTICOS |
Maria Inesila Montenegro Sauer
Apresentador(a) de Caso |
Instituição: UNIDERP - CAMPO GRANDE-MS |
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Descrição do quadro: Paciente P.O. M de 7 anos e 5 meses, sexo masculino, com histórico de prematuridade, foi encaminhado pela pneumopediátra para tratamento fonoaudiológico. O referido paciente tem diagnóstico de asma leve persistente e renite alérgica, refluxo gastroesofágico e histórico associado de esofagite crônica inespecífica moderada. O que ocasionou no decorrer do tratamento uma cirurgia de fundoplicatura de refluxo devido ás pneumonias broncoaspirativas recorrentes. As medicações administradas são Buzonid para asma e Losec para o refluxo. A avaliação fonoaudiológica constatou, Distúrbio Miofuncional Orofacial e Cervical caracterizado por alteração das funções de respiração, mastigação e deglutição. A respiração é curta e superior, insuficiente para manter a coordenação pneumofonoarticulatória. As funções de mastigação e deglutição também estão alteradas com relação à coordenação com a respiração e em função do comprometimento da musculatura associada. Devido à cirurgia de esôfago, fez-se necessário um trabalho mais detalhado com a deglutição, pois apresentou resistência a alimentos sólidos e episódios de vômito e náuseas quando da ingestão dos mesmos. Há também comprometimento da voz, com uma disfonia orgânico-funcional, o laudo do otorrinolaringologista mostrou presença de fenda triangular médio posterior e lesão compatível com cisto intracordal à esquerda. O quadro vocal está relacionado com a patologia respiratória e com a presença do refluxo gastroesofágico. O paciente relata dificuldade referente à respiração e ansiedade quando apresenta resfriado e tosse, concluindo que terá asma e será internado. O mesmo tem acompanhamento psicológico. Procedimentos: Terapia miofuncional orofacial com massagens na musculatura extra e intraoral e com intervenção direta nas funções do sistema estomatognático. O uso das manobras respiratórias do Conceito Corporal e Oro Facial Castillo Morales, em quatro posições distintas, associadas à higiene nasal e ao uso da faixa Tera Band nos exercícios respiratórios ativos. As manobras foram monitoradas via o oxímetro de pulso (saturímetro) e o espirômetro manual (Mini Wright Peak Flow Meter), o primeiro vê a saturação de oxigênio e a freqüência cardíaca, e o último mede o pico de fluxo do ar expiratório, isto é, a velocidade de saída do ar dos pulmões em litros por minuto. No caso do referido paciente, que tem 1 metro e 25 centímetros de altura, deveria soprar 238 litros por minuto, mas o resultado foi de 190 l/m no início da sessão passando a 200 e 220 após as manobras respiratórias e se mantendo em 220 l/m, com as manobras ativas feitas com a faixa Terá Band, no início da intervenção. É importante acrescentar, que no decorrer da terapia o paciente efetuava quatro sopros: no início da terapia sem qualquer manobra, após a higiene nasal, manobras respiratórias passivas e manobras respiratórias ativas com a faixa Terá Band. O uso do oxímetro compreendeu dois momentos: no início da sessão, sem qualquer intervenção, e após a manobra respiratória. Os instrumentos são utilizados sempre com o paciente na mesma posição para não gerar interferências. Resultados obtidos: O uso desses instrumentos, permitiu uma avaliação quantitativa da intervenção fonoaudiológica. O referido paciente, apresentou como resultado das manobras um sopro, via o uso do espirômetro, que passou de 190 litros por minuto, no início da intervenção a 260 litros por minuto, após dois meses de trabalho. Este é o resultado que vem sendo mantido em 3 meses de intervenção, já com relação ao oxímetro a saturação era de 80/82 e passou a 98/99. O asmático tem grandes oscilações na saturação, devido ao uso dos broncodilatadores. Outro dado importante, foi à rápida recuperação da cirurgia de esôfago e do ganho obtido com a deglutição, cessando as crises de vômito e náuseas, e retomando a alimentação com sólidos. A ausência de crises respiratórias, mesmo com o clima seco e frio e a baixa umidade do ar, os quais favorecem as infecções, foi o aspecto mais sinalizado pela equipe e familiares. Conclusão: A intervenção foi realizada durante 4 meses e os resultados encontrados apontam dois caminhos importante para a fonoaudiologia: primeiro sugere que uma análise quantitativa permite uma inferência mais precisa sobre o tempo necessário de intervenção, além de reduzir os erros decorrentes das avaliações subjetivas, inerentes ao nosso trabalho. O espirômetro tem função específica de monitorar o paciente asmático, pois na crise de asma, os brônquios encontram-se estreitados, obstruídos e conseqüentemente o ar passa com dificuldade. O monitor mede o grau desse estreitamento e obstrução e tem também o objetivo de identificar fatores desencadeantes, avaliação precoce das crises e de sua gravidade. No caso em questão, ele tem monitorado nossa intervenção e apontado que a mesma é eficaz. Em segundo lugar, mostrar a eficácia de manobras respiratórias passivas do Conceito Corporal e Oro Facial Castillo Morales, as quais consistem em toque, pressão e vibração em regiões específicas, totalizando quatro posições, promovendo resultados de expansão respiratória. Confirmamos a eficácia das manobras, porque utilizamos instrumentos de medida e constatamos resultados certos e precisos, de que podemos melhorar a função respiratória de nosso paciente e garantir uma diminuição das crises que antes eram freqüentes. Vale ressaltar, que as manobras passivas mostraram os melhores indicadores de sopro, a explicação pode ser de que as crianças não precisam cooperar muito no decorrer dessas manobras, que como o nome diz, são passivas. Nas manobras ativas, necessitamos da colaboração, via sopro seguida de articulação, neste caso tem pouca mudança e mais manutenção. É certo que, o referido paciente continua fazendo uso de medicação específica, para o controle da asma, porém, as medicações já eram administradas antes da intervenção fonoaudiológica. É necessário ainda, acrescentar, que devido às pneumonias recorrentes, à fisioterapia respiratória era muito utilizada, e sem dúvida alguma, muito necessária, mas já não tem sido utilizada por motivos óbvios. Finalmente, a intervenção da fonoaudiologia com o paciente asmático, tem espaço garantido de atuação, pode ser freqüente em grandes centros onde há ambulatórios de atendimento ao respirador oral, mas, não é uma realidade em cidades menores, e estudos como este tem o papel de mostrar que nossa atuação em equipe de atendimento a portadores de problemas respiratórios é necessária e eficaz |
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Contato: inesila.m@uol.com.br |
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